Mesmo com diversos pontos positivos apontados pelos especialistas de TI, a adoção do cloud ainda levanta questionamentos dos executivos. Nesse sentido, há um uso diferente da tecnologia que pode ser explorado: a nuvem híbrida.

O modelo híbrido é uma combinação de nuvens privadas e públicas, conforme explica o CEO da Broadtec, Rogério Costa. O funcionamento dos tipos da tecnologia difere em algumas partes, o que gera a flexibilidade do sistema no caso da união.

Qual a diferença?

No geral, dividimos a nuvem como sendo externa pública, externa privada e interna. No primeiro caso, temos um sistema terceirizado que pode ser acessado e compartilhado por qualquer pessoa. Para uma ilustração simplória, este é o funcionamento de plataformas como Dropbox e Gmail.

No segundo caso, a tecnologia também não pertence ao usuário, mas tem seu uso isolado para o fim de quem a contratou. O modelo interno segue as mesmas características de funcionamento e armazenagem, no entanto, foi desenvolvido e é utilizado apenas pela empresa a qual pertence, ninguém mais acessa e sua existência não é conhecida.

“Cada tipo tem a sua vantagem, sua aplicação. O que a gente vislumbra é que as companhias devem conseguir tirar proveito desses três modelos para cada solução, que seja conveniente”, aponta Ricardo Chisman, diretor executivo e líder de estratégia digital da Accenture.

Na visão de Fernando Andreazi, gerente de Cloud Computing da Compusoftware Solutions & Reseller, a aplicação do conceito ocasiona escalabilidade e integração. “A nuvem híbrida permite que empresas – de qualquer tamanho – possam utilizar a nuvem e ter um processo de transição para esse ambiente em fases, com etapas planejadas e seguras. Estima-se que mais de 70% das empresas que aderiram à nuvem (ou que ainda vão aderir) está implantando um ambiente de coexistência, ou seja, um ambiente híbrido”, explica.

Este modo de uso do cloud não causa nenhum estranhamento na usabilidade do usuário final, apenas é percebida por quem se envolve tecnicamente. “A diferença é percebida pelo administrador, que precisa configurar os serviços para funcionarem em paralelo Cloud e Solução Híbrida. Os relatórios serão consolidados normalmente, apresentando os resultados como se estivéssemos tratando de uma operação única”, comenta Laurent Delache, vice-presidente da Aspect para o Brasil.

“Total” x Híbrido

O ponto principal da aplicação híbrida, na concepção de Carlos Carlucci, country manager da Vocalcom Brasil, é a abertura do leque de opções para o ramo corporativo que, analisada estrategicamente, pode ser positiva para estratégias específicas.

Fora isso, a companhia pode ditar o ritmo que a tecnologia será adotada. “Imagine, nos dias atuais, você simplesmente mudar totalmente sua forma de trabalhar, sua rotina, transformar sua forma de ser, fazer negócios, se relacionar. Essa mudança é difícil para a grande maioria das empresas, existe resistência, medo e desconfiança. Por isso, para o cliente ter controle sobre o seu ambiente, a adoção às tecnologias e às soluções de nuvem devem ocorrer no seu ritmo e na sua metodologia, tornando o processo viável, flexível e atraente”, destaca Andreazi.

Essa flexibilidade é muito positiva, porém, requer cuidados, conforme lembra o especialista da Accenture. “O esforço de integração é muito maior. Você tem que ter um jeito de conectar tudo. Um jeito de operar, girar a manivela. Você tem três pratinhos e precisa cuidar dos três, não dá pra deixar nenhum cair. Dá mais opções tanto de custo quanto de funcionalidade sim, mas exige mais serviço, mais integração, um pouco mais de trabalho de gestão”, ressalta Chisman.

Quanto à segurança, a versatilidade também se aplica. Os riscos ocorrem na mesma proporção em todos os modelos de cloud, como lembra Rogério Costa, da Broadtec, no entanto, algumas ações podem ser tomadas. “Através da nuvem híbrida é possível manter sistemas que tratam informações sensíveis na nuvem privada, eliminando assim qualquer desconfiança relacionada à segurança e sigilo da informação armazenada, pois não há compartilhamento de ambiente com outras empresas”, lembra Carlucci. Já as informações menos estratégicas podem conviver nas aplicações externas. Uma questão de planejamento corporativo.